Para evitar aglomerações e a consequente contaminação de grande número de pessoas pelo novo coronavírus, na segunda quinzena de março, as celebrações nas paróquias, com a presença dos fiéis, foram interrompidas. A Paróquia de Fátima, atendendo às recomendações das autoridades de saúde, adaptou-se rapidamente à nova realidade e passou a transmitir as missas por meio das redes sociais (Instagram e Facebook) e pela rádio Pioneira.
Durante a Semana Santa, mesmo sem a realização da Via Sacra, as demais celebrações foram mantidas, com as devidas adaptações, e foram transmitidas utilizando-se ferramentas de comunicação digital. As celebrações do Domingo de Ramos, a Ceia do Senhor, a Sexta-feira da Paixão, a Vigília Pascal e o Domingo de Páscoa na Ressurreição alcançaram um público de mais de cinco mil pessoas que assistiram às transmissões “ao vivo” ou aos vídeos publicados nas redes sociais.
A paroquiana Jurema Chaves Damasceno comenta que sente muita saudade das missas na Igreja de Fátima, mas que logo que soube que as missas seriam transmitidas pelas redes sociais, se sentiu aliviada por ter em casa as palavras dos padres que já faziam parte do seu dia a dia nas missas que costumava participar. “Antes da Semana Santa, já comecei a acompanhar as celebrações e a me preparar para vivê-la, tanto pela rádio Pioneira como pelo Instagram e Facebook da paróquia. Consegui me concentrar e me conectar com Deus em todas as celebrações”, acrescenta.
Ela ressalta ter se sentido preenchida por Deus durante as celebrações. “Foi maravilhoso me sentir próxima do nosso Pai maior, mesmo estando longe fisicamente da igreja. Isso me sustentou, me alimentou, me renovou, me fortaleceu e me fez ter mais certeza de que, independentemente de onde estamos e por qual momento estamos passando, se nos conectarmos verdadeiramente com Ele, receberemos a sua luz e proteção”, complementa.
Para o padre Tony Batista, nos 46 anos de sacerdócio, esta Semana Santa foi uma experiência única em sua vida. “Eu passei toda a Semana Santa vivendo a solidão do calvário. Nunca tinha experimentado a solidão do calvário como nessa Semana Santa, sem poder estar perto do meu povo, sem poder abraçar, sem beijar o olho de cada um como eu gosto de fazer, sem expressar meu afeto, a minha gratidão às pessoas. Não foi fácil, mas eu fiz da minha dor o meu melhor salmo de louvor ao nosso Deus”, explica.
O pároco destaca que decidiu vivenciar a Semana Santa como se nada de diferente estivesse acontecendo. “Eu entrei com Jesus na cidade santa, Jerusalém, no Domingo de Ramos com a mesma disposição. Eu presenciei todos os seus momentos. Eu participei da Santa Ceia com a mesma intensidade, o mesmo carinho. Eu participei do Gólgota, eu caminhei com Jesus na Via Sacra, eu estive no Golgota. Eu vi o sepultamento do Senhor no meu silêncio e na minha solidão. Eu passei o sábado meditando e perguntando o porquê, mas eu sei que não tem porquê, só tem para que. Eu vivi a ressurreição e estou vivendo a Páscoa, de maneira absolutamente diferente, mas eu preciso aprender as lições de Deus. Ele está me falando e eu não estou conseguindo ainda decodificar, mas os meios de comunicação social, as redes sociais me deram um, alívio, um alento. Foi por meio das redes sociais que consegui entrar nas casas, abraçar e beijar meu povo. Consegui abençoar meus jovens, minhas crianças e meus idosos”, finaliza.